CNN
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O presidente bielorrusso, Alexander Lukashenko, disse que Wagner alertou duas vezes o presidente Yevgeny Prigozhin para tomar cuidado com ameaças à sua vida.
“A primeira vez que liguei para ele, as negociações (estavam ocorrendo) quando eles marchavam em Moscou”, disse Lukashenko a repórteres na sexta-feira, informou a agência de notícias estatal bielorrussa Belda.
“Eu disse a ele: ‘Eugene, você entende que destruirá seu povo e destruirá a si mesmo?’ Ele voltou da frente. Num impulso disse: ‘Vou morrer, droga!’
Os comentários do antigo líder bielorrusso ocorrem dias depois de um avião que se acredita ter transportado Prigozhin, um notório líder mercenário chamado Wagner, ter sido morto a tiro. Caiu em um campo A noroeste de Moscou, a caminho de São Petersburgo.
O acidente ocorreu dois meses depois de Prigozhin ter lançado uma rebelião de curta duração contra a liderança militar da Rússia, representando um desafio sem precedentes à autoridade do presidente russo, Vladimir Putin.
A causa do acidente ainda não está clara, mas autoridades de inteligência dos EUA e do Ocidente acreditam que foi deliberado, disse a CNN. As autoridades russas iniciaram uma investigação criminal.
Não houve ligação com a queda do avião do Kremlin na sexta-feira e nenhuma evidência foi apresentada que apontasse para o envolvimento de Putin ou dos serviços de segurança russos.
O líder bielorrusso disse que quando falou com Prigozhin pela segunda vez, alertou-o para não “olhar para isso com incerteza”.
Lukashenko não informou quando a reunião ocorreu. O tenente de longa data de Prigozhin, Dmitri Utkin, acompanhou Prigozhin, disse ele.
Belda informou que o presidente bielorrusso sugeriu a Prigozhin que pudesse conversar com Putin e oferecer uma “garantia de segurança total” na Bielorrússia.
“Eu disse: ‘Se você tem medo de alguma coisa, falarei com o presidente (Vladimir) Putin e o levaremos para a Bielorrússia. Garantimos-lhe total segurança na Bielorrússia.’ Yevgeny Prigozhin nunca me pediu para prestar atenção especial à dívida, às questões de segurança”, disse Lukashenko.
As autoridades russas ainda não confirmaram oficialmente a morte de Prigozhin, embora Putin tenha falado publicamente sobre ele durante a última tensa ligação na quinta-feira.
Tanto Prigozhin quanto Utkin estavam na lista de passageiros divulgada pela Agência Federal Russa de Transporte Aéreo, e tanto o Pentágono quanto o Ministério da Defesa britânico disseram que o líder do Wagner pode ter morrido na explosão.
O porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, disse que uma investigação estava em andamento para determinar quem estava a bordo.
Lukashenko disse anteriormente que “não conseguia imaginar” que Putin estivesse por trás da morte de Prigogine.
“Não posso dizer quem fez isso. Não vou nem me tornar advogado do meu irmão. Mas eu conheço Putin – ele é uma pessoa sensata, muito calma e lenta quando se trata de tomar decisões sobre outras questões menos complexas. Então, Putin fez isso, não consigo imaginar que a culpa seja dele”, disse Lukashenko aos repórteres. “É um trabalho muito difícil e pouco profissional, aliás”, acrescentou.
Segundo Belda, Lukashenko disse que Prigozhin não lhe pediu garantias de segurança após o levante de dois meses atrás.
“Não preciso confirmar a segurança de Prigogine. Este é o primeiro. “Em segundo lugar, a conversa (entre Prigozhin e Lukashenko) não se concentrou nisso”, disse ele.
Ele também disse que Wagner “morará na Bielorrússia” e que “todos estarão aqui em alguns dias”, referindo-se à milícia Wagner e ao seu acordo para dirigir o grupo após a revolta fracassada.
“Até 10 mil pessoas”, disse ele. “Enquanto precisarmos desta unidade, eles viverão e trabalharão conosco”.
Referindo-se às imagens de satélite que supostamente mostram a recente remoção dos acampamentos dos combatentes Wagner, Lukashenko disse: “Por que estamos removendo tendas adicionais, não precisamos de muitas delas. O site principal está aqui, alguém saiu de férias, alguém decidiu se afastar, mas todos os telefones, endereços, senhas e aparências são conhecidos.
No entanto, a morte de Prigogine colocou em dúvida o futuro de Wagner – na Bielorrússia e noutros lugares.