PEDROPOLIS, Brasil (AP) – O número de mortos por inundações e deslizamentos de terra na cidade montanhosa de Petrópolis subiu para pelo menos 110 nesta quinta-feira, com mais de 130 desaparecidos, disseram autoridades locais.
Horas depois que a polícia local anunciou o desaparecimento de 134 pessoas, o governo do estado do Rio de Janeiro confirmou o número crescente de mortos, com muitos temendo que estivessem presos na lama sob a cidade de influência alemã nas montanhas acima da cidade do Rio de Janeiro.
Inundações e deslizamentos de terra varreram as ruas da cidade nesta terça-feira, arrastando carros e casas durante as chuvas mais fortes em décadas. Um vídeo mostrou dois ônibus afundando em um rio inundado, com seus passageiros saindo das janelas e lutando por segurança. Alguns foram varridos, invisíveis, sem desembarcar.
Apesar de mais deslizamentos de terra aparecerem nas encostas da cidade, os sobreviventes estão cavando a paisagem em ruínas e encontrando entes queridos. Um pequeno deslizamento na quinta-feira desencadeou a evacuação, mas não houve feridos.
Roslyn Virginia ‘seu irmão escapou, e ela considera isso um milagre. Mas ainda não conseguir um amigo.
“É muito triste ver pessoas pedindo ajuda e não tendo como ajudar, sem como fazer nada”, consolou uma pessoa à Virginia Associated Press. “É impossível, a perda é enorme.”
Enquanto alguns tentavam remover a lama, outros começaram a enterrar parentes perdidos, com 17 funerais no túmulo danificado.
A polícia do Rio disse em comunicado na quinta-feira que cerca de 200 agentes estavam verificando a lista de sobreviventes, mortos e desaparecidos, visitando postos de controle e abrigos e o necrotério da cidade. Eles disseram que conseguiram remover três pessoas da lista de pessoas desaparecidas depois de encontrá-las vivas em uma escola local.
“Cada detalhe é importante para que possamos acompanhar as pessoas”, disse a investigadora da Polícia do Rio Ellen Sauto. “As pessoas devem relatar o nome completo da pessoa desaparecida, sua identidade, características físicas e as roupas que a pessoa estava vestindo”.
Batizada com o nome do ex-imperador brasileiro, Petrópolis tem sido um refúgio para pessoas que fogem do calor do verão e turistas para o que é conhecido como a “Cidade Imperial”.
Sua prosperidade atraiu moradores de partes mais pobres do Rio e a população cresceu desordenadamente, agora subindo montanhas cobertas por pequenos assentamentos, muitas vezes em áreas vulneráveis ao desmatamento e drenagem inadequada.
O corpo de bombeiros do estado disse terça-feira que choveu 25,8 centímetros (apenas 10 polegadas) em três horas – o mesmo que nos 30 dias anteriores. Claudio Castro, governador do Rio de Janeiro, disse em entrevista coletiva que foi a pior chuva de petrópole desde 1932.
“Ninguém pode prever chuvas fortes como esta”, disse Castro. A previsão é de mais chuva no final da semana, de acordo com os meteorologistas.
Castro acrescentou que quase 400 pessoas estavam desabrigadas e 24 foram resgatadas com vida. Eles têm sorte, são poucos.
Lisa Torres Machado, 64, disse que a “mão de Deus” salvou sua família da tragédia.
“Foi deixado um pequeno quarto na casa da minha mãe, onde ela se escondeu com minhas duas irmãs e meu irmão”, disse Machado, que mora em Petrópolis há três décadas, à AP. “Eu não pude dormir. Ainda não consigo acreditar no que está acontecendo. Perdemos todos os nossos amigos.
A cordilheira afetada passou por desastres semelhantes nas últimas décadas, incluindo mais de 900 mortes. Nos anos que se seguiram, Petrópolis apresentou um plano para reduzir os riscos de deslizamento, mas as obras progrediram lentamente. O plano, apresentado em 2017, determinou com base na análise que 18% da cidade apresenta alto risco de deslizamentos e inundações.
Autoridades locais dizem que mais de 180 moradores que vivem em áreas perigosas se refugiaram em escolas. Espera-se que equipamentos e mão de obra adicionais ajudem nos esforços de resgate na quinta-feira.
O presidente brasileiro Jair Bolsanaro expressou solidariedade durante uma visita à Rússia. A Prefeitura de Petrópolis cumpriu três dias de luto pela tragédia.
O sudeste do Brasil tem sido assolado por fortes chuvas desde o início do ano, com mais de 40 mortes registradas entre incidentes no estado de Minas Gerais no início de janeiro e no estado de São Paulo no final daquele mês.
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Savarese relatou de São Paulo. Contribuição do AP Vídeo Jornalista Mario Lopavo de Petrópolis.
A correspondente da AP Deborah Alvarez contribuiu para a reportagem de Brasília.