Enchentes históricas matam 83 pessoas e deixam o Brasil e seu presidente irritados e abalados

O aeroporto está fechado. Dezenas de rodovias foram fechadas. A maioria dos moradores da capital paulista está sem água encanada. O número de mortos já atingiu 83 – e certamente aumentará ainda mais.

Mesmo num país cada vez mais habituado a desastres naturais causados ​​pelas alterações climáticas, as inundações que varreram o Rio Grande do Sul, um dos estados mais desenvolvidos e prósperos do Brasil, abalaram gravemente esta nação de 215 milhões de pessoas. Com mais da metade das cidades do estado enfrentando enchentes e 20 mil pessoas deslocadas, não é apenas o Rio Grande do Sul que foi danificado. Ele estava paralisado.

O governador do estado, Eduardo Leite, disse: “Este é o pior desastre já registrado no estado do Rio Grande do Sul”. “É talvez um dos piores desastres que o país registou na história moderna.”

Nos últimos anos, o Brasil tem enfrentado regularmente desastres naturais: chuvas recordes, inundações devastadoras, secas severas e deslizamentos de terra mortais. Os líderes políticos e os cientistas daqui culpam sistematicamente as alterações climáticas e apelam a uma maior acção.

Este discurso rendeu poucos resultados Mudança tangível.

Mas desta vez, dada a extensão dos danos, a necessidade parecia muito mais urgente.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva parecia abertamente emocionado ao sobrevoar a devastação no domingo, segundo assessores seniores que o acompanharam.

Um conselheiro, que falou sob condição de anonimato para discutir francamente as suas reações, disse que o seu humor era “uma mistura de agonia e raiva”. “Ele ficava dizendo: ‘Oh meu Deus. Olhe para isso.’

Após a chegada de Lula, ele disse aos seus assessores que suas declarações públicas deveriam refletir a escala do desastre. Ele disse a altos funcionários do Congresso e do judiciário que o país precisa mudar a sua abordagem aos desastres relacionados com o clima. Ele pediu um plano nacional para prevenir “acidentes climáticos” e orientou a Tenente-Chefe Ambiental Marina Silva a começar a formular uma estratégia.

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“Temos que parar de correr atrás do desastre”, disse Lula. “Temos que começar a nos preparar para desastres que podem acontecer.”

Num comentário fornecido exclusivamente ao The Washington Post, Lula atribuiu a devastação no Rio Grande do Sul ao fracasso da comunidade global em responder às mudanças climáticas. Ele disse que existe uma “dívida histórica”. Ele disse que os países pobres que historicamente produziram apenas uma pequena quantidade de gases de efeito estufa sofrem com a poluição que os países mais ricos sofrem.

“Esta foi a terceira enchente recorde na mesma região do país em menos de um ano”, disse Lula ao jornal. “Nós e o mundo precisamos estar preparados todos os dias com mais planos e recursos para lidar com eventos climáticos extremos.”

Nos últimos 10 dias, o Rio Grande do Sul foi encharcado por três meses de chuvas. O rio Guayba, que banha o litoral de Porto Alegre, atingiu a altura recorde de 5 metros. O rio é alimentado por uma rede de afluentes congestionados e suas águas lamacentas fluem para a cidade, submergindo grande parte do cosmopolita centro da cidade.

As autoridades dizem que é pouco provável que estas condições diminuam durante várias semanas, podendo até piorar. Os cientistas esperam que o rio Guayba não desça abaixo dos 3 metros, o nível máximo de cheia do rio, antes do final de Maio. Entretanto, espera-se que as temperaturas caiam para 50 graus nos próximos dias, aumentando o risco de hipotermia, à medida que a chuva se recusa a diminuir e as cidades oscilam à beira do caos.

Pessoas em toda a zona de inundação ficaram presas nos telhados, em cenas que lembravam Houston após o furacão Harvey ou Nova Orleans após o Katrina. Hospitais não têm poder. Difundido Pilhagem Estourou. Posto de gasolina na zona norte de Porto Alegre explodiu. Prisioneiros em Prisões que sofreram inundações foram liberadas.

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Fora das prisões, há poucos meios de fuga. As estradas estão fechadas. O aeroporto está programado para permanecer fechado pelo menos até o final do mês.

Na sexta e no sábado, uma mulher de um subúrbio de Porto Alegre documentou nas redes sociais seus temores por si mesma e por seus pais à medida que as águas subiam. “Estou com dois idosos que não podem subir ao telhado”, escreveu ela. A história em O Globo. “Vamos nos afogar. Envie ajuda com o amor de Deus.”

A família foi resgatada no dia seguinte. A mãe da mulher apresentava sinais de hipotermia.

O pânico e a incerteza estão a espalhar-se por todo o estado, com milhares de pessoas a viver sem eletricidade, acesso à Internet ou água potável.

O prefeito do subúrbio de Canoas anunciou que nove pacientes da unidade de terapia intensiva morreram após o hospital ficar sem energia – apenas por… Corrija-se: Duas pessoas morreram, não nove.

“Aqui está um caos”, disse a jornalista Kelly Matos. “Eu nunca vi nada assim.”

Matos foi ao mercado recentemente e não encontrou uma única garrafa de água. Algumas pessoas tentam tomar banho com água com gás.

“É guerra; essa é a palavra”, disse ela. “É desespero e agitação civil. …O tsunami está aqui.”

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