Os intensos combates de rua dificultaram as tentativas de libertar centenas de sobreviventes presos dentro de um teatro bombardeado no sábado, enquanto as forças ucranianas resistiam a uma força russa maior dentro da estrategicamente importante cidade portuária de Mariupol.
Em um dia de ganhos escassos no campo de batalha para Vladimir Putin, Ucrânia Ela admitiu que, após os fortes combates em Mariupol, perdeu o acesso ao Mar de Azov pela primeira vez, um prêmio potencialmente importante para a Rússia.
Os combates de rua ocorreram no sábado no porto, muitos deles aniquilados após semanas de bombardeios pelas forças russas. O alvo mais proeminente continua sendo o principal teatro municipal de Mariupol, que foi bombardeado na quarta-feira, apesar de ser usado como abrigo para mulheres e crianças.
Centenas de pessoas ainda estão desaparecidas e acredita-se que mais de 1.000 sobreviventes estejam presos no prédio.
O Programa Mundial de Alimentos das Nações Unidas se tornou a mais recente agência humanitária a expressar sua frustração por ter negado o acesso a dezenas de milhares de pessoas presas na cidade, que agora está completamente sitiada pelas forças russas.
Jacob Kern, coordenador de emergência do Programa Alimentar Mundial, descreveu a tática da Rússia para impedir que suprimentos alimentares de emergência cheguem a Mariupol como “inaceitável no século 21”. O deputado ucraniano Dmytro Gorin descreveu a situação na cidade como “medieval”.
A ação da retaguarda ucraniana em Mariupol é, segundo especialistas, um símbolo crescente do conflito mais amplo, já que a ofensiva russa parece estar paralisada na maior parte do país. Uma avaliação da defesa britânica descreveu o Kremlin como “surpreendido pela escala e ferocidade da resistência ucraniana”.
Atualizações em toda a Ucrânia indicaram pouca mudança nas posições da linha de frente, com pontos quentes nas cidades do sul de Kherson e Mykolaiv – onde dezenas de corpos ainda estão sendo recuperados dos escombros após um ataque com mísseis a um quartel ucraniano – assim como Mariupol.
A captura do porto daria aos russos toda a costa norte do Mar de Azov, cortando a Ucrânia de um canal para o Mar Negro, enquanto permitiria ao Kremlin construir um corredor terrestre para a Crimeia, que anexou ilegalmente em 2014.
Na capital, Kiev, os planos russos de cercar a capital permanecem aparentemente indescritíveis. As últimas avaliações da defesa ucraniana indicaram que 35 mercados e 635 lojas permaneceram abertos, já que a cidade parece resistir a um possível cerco.
No entanto, alguns elementos russos conseguiram romper suas defesas. As forças ucranianas em Kiev anunciaram que até agora prenderam 127 “sabotadores”, incluindo 14 grupos de infiltração, desde o início da invasão russa.
Um desenvolvimento preocupante foi o uso da Rússia de mísseis hipersônicos avançados – capazes de escapar das defesas aéreas – para atacar uma unidade subterrânea de armazenamento de armas no oeste da Ucrânia. Especialistas em defesa alertaram que esta era uma “maneira de escalar” o conflito ainda mais porque o exército ucraniano não seria capaz de se defender contra ataques como esses mísseis, e o uso dessas armas precedeu novas tentativas de resolver os combates. O presidente ucraniano Volodymyr Zelensky pediu conversas “significativas e justas” com Moscou.
Em uma tentativa de usar o lento progresso militar de Putin como motivo para as negociações, Zelensky alertou que levaria “várias gerações” para a Rússia se recuperar de suas perdas na guerra.
Mas Putin acusou a Ucrânia de procrastinar ao fazer propostas irreais, em um telefonema com o chanceler alemão Olaf Scholz.
Em outro lugar, o ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergei Lavrov, acusou os Estados Unidos de dissuadir Kiev de concordar com as exigências da Rússia, embora não tenha fornecido evidências para apoiar essa afirmação.
A maioria dos analistas ocidentais acredita que as forças russas já sofreram perdas significativas. Autoridades ocidentais alegam ter evidências de diminuição do moral entre os combatentes russos, bem como sérios problemas logísticos.
As forças ucranianas afirmam ter matado o quinto general russo, o tenente-general Andrei Mordvishev. Se for verdade, ele seria o maior comandante russo morto no conflito até hoje.